sábado, 18 de dezembro de 2010


SAUDADE... LUIS ALBERTO WARAT

Habitante do universo da linguagem, como todos da minha espécie, procuro manter em algumas palavras auras envolventes que as protejam, penso eu, de serem ditas em vão. Uma delas é saudade. Ela, com sua magia envolvente remete-me a um outro que não mais alcanço com meus sentidos, pois não mais habita o plano sub-lunar.
De ontem para cá, tal palavra reveste-se de imagens evanescentes de um outro que aprendi a amar e por ele ser amado. Amor filia, marcado por uma profunda amizade de 33 anos sub-lunares, mas com a duração e a intensidade de uma eternidade possível. Assim, hoje mais pobre de vida que nunca, vivo o indescritível que esta palavra traz consigo.
Encontro na memória, enquanto lugar da lembrança, ecos e fragmentos de momentos vividos por nós dois enquanto amigos que fomos/somos. Sei, que ao longo do tempo do que resta de minha existência, estarei, não poucas vezes, tal fiandeiro, costurando e recosturando o espaço/tempo vivido por nós dois caro mio, iluminado por esta luz suave e muita vezes dolorosa, que a palavra saudade ao ser evocada produz... No mais, que o silêncio deixe que as vozes se manifestem através de um requiem universal.

Albano Marcos Bastos Pêpe

Um comentário:

  1. Albano, linda esta tua homenagem. Resta (re)aprender, mais uma vez, e de modo diferente, como cada pessoa e sua respectiva ausência exigem, a lidar com a saudade (palavra, talvez, das mais "sentidas" e menos racionalizáveis). Força aí, meu amigo.

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